terça-feira, 20 de novembro de 2012

20. Olha a máfia russa!!!

 Opa, acho que vou ser furtado!

Placa em Peterhof alerta os turistas incautos. Nem precisa traduzir
Todo turista é alvo em potencial de algum ladrão. Quando viajo lembro sempre as cenas iniciais de "Nove rainhas", clássico filme portenho sobre golpistas. Já visitei Buenos Aires umas tantas vezes e sempre correu tudo bem. Todo cuidado é pouco, mas ninguém viaja de férias para viver tão estressado quanto no trabalho. Isso acho eu. Já perdi cartão de crédito em Paris, e até hoje não sei se me bateram a carteira ou se deixei a dita cuja caída num restaurante. Voltei e não estava lá. O cartão foi cancelado etc e tal. Recebi outro dias depois na Espanha e a viagem foi ótima. Também já bateram minha bolsa, com máquina fotográfica e tudo, dentro de uma sapataria na Oitava Avenida em Nova York. Fiquei muito puto, pensando como um carioca pode vacilar assim. Pois é, talvez eu seja um mané. Mané ou não, tento me precaver, sem muito estresse. Não foi diferente na Rússia. Minha mulher, antes da viagem, nem pensou nas Sharapovas (se pensou, não disse), mas aconselhou, dedo em riste: cuidado com a máfia russa! Deve ser a mesma coisa que um russo rumo ao Rio ouvir da sua loura de olhos claros: cuidado com os traficantes! Ou será que ela diria: cuidado com a polícia carioca!? Ou, atualizada: não chegue perto dos cracudos! Talvez politizada: não vá a Brasília! São muitos cuidados. No Rio, em Moscou, em São Petersburgo e no resto do mundo... Em Lisboa tem avisos nos bondes para tomarmos cuidado com os batedores de carteira...
Moscou à noite: nem tão iluminada, nem tão escura quanto parece na foto
Do que vi, posso dizer que tanto Moscou quanto SPB são cidades seguras como qualquer outra metrópole que conheço. Com duplo sentido. Andei de noite, nem toda parte tem boa iluminação, nem todo lugar tem policiamento. Nos metrôs há muito. Em Moscou, principalmente, foi comum ver duplas de soldados parando e revistando gente nas saídas de metrô e também em parques públicos. A recomendação geral é que o turista na Rússia ande com o passaporte, pois a polícia pode pedir. Os hotéis dão um documento dizendo onde você está hospedado, quando chegou, quando sai, número do passaporte etc. Mas não garanto que isso baste em caso de revista. Li em sites que eles param turistas para tirar dinheiro. Opa!, já vi isso antes em algum lugar... Não me pararam, mas vi gente sendo parada, revistada e liberada em seguida, aparentemente sem pressão. Talvez seja questão de sorte. Ou azar.
Passagem sob a Tverskaya, em Moscou
Já disse antes, repito. Nas duas cidades, há grandes e largas avenidas, com muitas passagens subterrâneas. De dia, tem lojinhas funcionando nesses corredores. De noite, são iluminadas, mas vazias. Sempre que cruzei alguma à noite fiquei pensando que se fosse no Rio ninguém passaria ali. Sabe aquelas passagens subterrâneas do aterro que todos evitam em determinadas horas? O mergulhão da Praça Quinze também não me parece amistoso, nem de dia. Mas na Rússia sempre foi tranquilo.
Passagem na Tverskaya, em frente ao Sheraton











A lembrança da patroa falando da máfia russa me atormentou mesmo na primeira noite em São Petersburgo. Malas no hotel, banho tomado, saí em busca de um lugar para comer, depois de ter acordado supercedo e viajado de dia, sem almoço. Sexta-feira, 21h30m, se bem me lembro, encontro um restaurante indicado num guia, mas ele estava às moscas! Pensei: deve encher mais tarde, vou dar uma volta antes. E lá fui eu pela fabulosa Nevsky. Subi a avenida (no sentido contrário ao Hermitage) pela direita (lado da igreja de Kazan), olhei vitrines e outros restaurantes simpáticos; voltei pela outra calçada, entrei em algumas lojas de souvernirs... Numa esquina, vi um carro fazendo uma lambança no trânsito, quase entrar na rua, voltar e seguir pela Nevsky. Deduzi que o motorista estava meio perdido. No quarteirão mais à frente, na ampla calçada, eis que surge diante de mim um sujeito falando russo e fazendo perguntas. Não falo russo, disse eu, em russo. Ele, meio embriagado, meio esquisito, perguntou de onde eu era. Brasil. Ah, Brasil, repetiu ele, futebol, Brasil, futebol, ficou meio mímico, meio maluco, me cercando. E daí? Eu não conseguia entender que informação ele queria, se é que poderia dá-la. Ele me apontou o carro próximo ao meio-fio, o mesmo carro bacana que vira na cena anterior da barbeiragem. Estão perdidos, mas não posso ajudar sem falar russo nem ser da cidade, pensei. Mas sem querer dei corda. Ele me pediu com acenos que falasse com o motorista. Este me perguntou em inglês  de onde eu era, se eu falava russo ou inglês, eu já perto do carro com a porta do carona aberta. Brasil, dissemos eu e o camarada ao mesmo tempo, e ele emendou com a mímica, futebol, Brasil, futebol, braços abertos muito perto de mim. Opa, esse cara vai me roubar! Dei dois passos atrás, pedi prastite e me mandei pela Nevsky. Mas fiquei bolado. Para piorar, descobri que a avenida não bomba depois das 23h. Os restautantes que vira estavam fechados. Os trambiqueiros estragaram minha noite. Entrei num mercadinho, comprei cerveja, sanduíche, acepipes, e fui lanchar no hotel. Ainda verifiquei o bolso e a bolsa para me certificar de que nada tinha sumido. Não, nada sumira. Fiquei pensando se era um golpe comum, mas nada vi de anormal nas outras noites pela cidade. Circulei sem sobressaltos, mesmo depois de meia-noite em ruas nem tão bem iluminadas.


Sinal aberto, e STOP grafado para a passagem de pedestres ao virar à direita

Li que os russos dirigem como loucos. Não constatei isso. Como na maioria da Europa, o pedestre ameaça atravessar e o motorista freia. Em toda rua que cruzei foi assim. O trânsito às vezes é intenso, às vezes engarrafa. Mas não devo ter transitado na hora infernal, aquela em que você não passa a segunda marcha na Borges de Medeiros, na Ponte Rio-Niterói ou na Linha Amarela. Nas grandes avenidas, há duas faixas de pedestres; ou seja, mão e contramão para atravessar a rua. Em muitos cruzamentos há  sinais que abrem para pedestres e motoristas ao mesmo tempo. Aí vale novamente a lei da boa educação. Se há pedestre na faixa, é preciso parar. Um ou outro motorista desrepeita isso. No Brasil não se respeita nem o sinal vermelho... Aliás, não vi fiscalização com radares nas duas cidades.

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