E quando o tempo fecha, qual a saída?
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O canhão do czar no Kremlin de torres douradas e molhadas: construída em 1586, a arma nunca foi usada |
Eu bem disse que estar à
frente do meu tempo nem sempre era algo positivo. Um dos fatores que
mais bagunçaram a viagem foram as sete horas de fuso com relação ao Rio.
Ficou complicado ajustar o sono para quem costuma dormir por volta de
1h da madrugada (ainda 18h em Moscou e em São Petersburgo). E tentar acordar
8h para aproveitar as cidades? Impossível! Mesmo sem noitadas em
limusines e sem entornar litros de vodca, era comum dormir às 4h, 5h. E
levantar 9h. Mas era dureza e obviamente foi cansativo. Afinal, os 20
anos já se foram faz tempo. Eu dava tchau para a família no Skype,
dormia um pouco, acordava, dava oi... e no Brasil ainda era hora de ir para a
cama. Que confuso horário!
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A capa azul que eu preferia não ter tirado da mala. Mas foi útil |
Os dias de chuva em Moscou e São Petersburgo também incomodaram um
pouco. Claro, todo turista deve ter no programa alternativas para dias assim. Em Moscou há estações do metrô, museus, igrejas e até
shoppings... SPB tem o Hermitage. No meu caso, porém, o principal contratempo foi ter que
visitar o Kremlin de capa plástica. A previsão era de chuva terça e
quarta, o Kremlin fecha às quintas; e sexta era dia de mudar de cidade.
Sem alternativa climática, lá fui eu visitar as atrações atrás das
muralhas numa manhã de chuviscos. É tudo bonito, mas certamente ficaria
mais bonito sem água caindo e nuvens pesadas.
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Meus sapatos depois de um dia de chuva |
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Meus sapatos noutro dia mais chuvoso ainda |
Os bilhetes para o Kremlin são vendidos em tendas perto dos Jardins de Alexandre. E só procurar uma fila e chegar lá. Há duas entradas, uma pela Torre Borovitskaya, próximo da Câmara das Armas; e outra pela Ponte Trinity, na muvuca da Praça Vermelha. Você pode pôr mochilas e bolsas num guarda-volume perto das bilheterias (50 rublos). Mas lá dentro também tem uma sala para deixar objetos e roupas, principalmente as molhadas de chuva, se for o caso.
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Frente do ingresso para as catedrais e verso do outro, para a Câmara |
Pode-se comprar ingresso só para o complexo de catedrais atrás dos muros vermelhos da praça (350 rublos, R$ 25). Outra opção é comprar a dobradinha (1.050 rublos, R$ 75) com entrada para a Câmara das Armas, com tesouros dos czares, do século XVI até quando a corte foi para São Petersburgo, por volta de 1711. O ingresso para a Câmara é vendido por horários, creio que tem um limite de visitantes por período. Dentro, há carruagens, roupas, armaduras... E vigias proibindo fotos. Nesse mesmo edifício tem uma sala com joias imperiais e soviéticas, chamada Fundo de Diamantes. Mas tem uns horários restritos, não está sempre aberta. Quando cheguei nela estava fechada para visitação. Não esperei pelos diamantes. Eles são eternos, eu não. No pátio das catedrais ficam as igrejas de cúpulas superdouradas: a Catedral da Anunciação é a maior delas, a Catedral da Assunção e a Catedral do Arcanjo. Além delas, há o Campanário de Ivan, o Grande. Um campanário sem o sino que para ele foi forjado. O dito cujo pesa 200 toneladas e nunca subiu a torre. Quebrado, é point para fotos turísticas.
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O sino era para ficar no alto da torre de Ivan, mas ele nunca chegou lá |
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A ponta do sino e o cortado Campanário de Ivan |
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A Catedral da Anunciação e suas cúpulas em forma de bulbo |
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Hora de ir embora do chuvoso Kremlin, pela Ponte Trinity |
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Menos, São Pedro, menos... |
Como quem está na chuva é para se molhar, caminhei muito nos dois dias
de chuva em Moscou. O mais curioso foi notar que, enquanto eu me cobria
com minha capa azul de camelô, boa parte dos russos e russas - crianças,
jovens ou idosos - que por mim passavam não estava nem aí para a chuva
fina e intermitente. Para eles, devia ser como se refrescar num chafariz
no verão carioca. Claro, pensei, essa chuvinha é moleza para quem encara até 15
graus negativos e rios congelados no auge do inverno. Eta, povo impermeável!
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Depois que São Pedro me atendeu, uma vista do Kremlin a partir do Rio Moscou |
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