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Fim de tarde no Rio Neva |
Como Veneza? Um exagero. Mas é um espetáculo
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Moscou até agora é a barba russa, e Petersburgo já é um alemão perfeito. Como a velha Moscou se distendeu, se alargou! Como ficou descabelada! Como se deslocou, como se espalhou, como se empertigou a chique Petersburgo! (...) Moscou é uma velha caseira (...) não quer saber o que se passa no mundo; Petersburgo é um rapazinho cheio de expediente, nunca fica em casa, sempre se veste com capricho e, todo enfeitado diante da Europa, faz uma reverência para as pessoas de além-mar"
Nikolai Gógol, "Notas de Petersburgo de 1836" (Cosacnaify, tradução de Rubens Figueiredo)
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A praça do Hermitage: grandiosidade pouca é bobagem |
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Monumento no centro da praça |
Nota-se que Gógol era um russo de fé que amava São Petersburgo. E ele viveu bem antes dos bombardeios nazistas e da posterior ressurreição da cidade. Teria sofrido um bocado. Não sei se ele gostaria de estar lá em outubro de 1917. Em 2012, sem Gógol para narrar, a cena é: cortada por canais e com mais de 500 pontes (segundo cartaz de alerta nos barcos que fazem passeios por suas águas), SPB tem um charme especial e ganhou o apelido de Veneza do Báltico. Mas melhor evitar comparações, pois os canais da cidade italiana são outros 500. Trocadilho infame de lado, o que se vê na foto acima é que a praça do Hermitage não tem pombos. É ampla, limpa e linda. Um tanto escura demais à noite, mas nada perigosa. O museu é um capítulo à parte, logo chego nele.
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A Igreja do Sangue Derramado, à beira do canal e com as torres iluminadas pelo sol |
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Uma das torres da igreja |
Outro ponto turístico que está em todas as fotos de São Petersburgo é a Igreja do Sangue Derramado (ou da Ressurreição), com suas paredes de mosaicos, seu colorido, sua imensa torre principal. Ela pode ser admirada desde a Nevsky.
Além dela, para quem gosta de projetos arquitetônicos faraônicos, jardins bem-cuidados e chafarizes de todo tipo, vale o passseio até Peterhof, que chamam de "a casa de praia do imperador Pedro, o Grande". A praia tem um quê de Ilha do Governador, mas os jardins do palácio jorram água a cada esquina, em diferentes desenhos, encantando a turistada. Peguei um barco que sai do cais nos fundos do Hermitage (1.000 rublos, R$ 72, não é barato), ida e volta, 35 minutos em catamarã rápido pelo Neva e o Golfo da Finlândia. No cais, paga-se mais 450 rublos (R$ 32) para entrar na parte inferior dos jardins. A parte alta, dizem, é gratuita. Depois de mil chafarizes, não visitei o outro lado. Para entrar por lá, acho que o caminho é ir de van, trem ou ônibus.
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Mais um foto do crepúsculo no Rio Neva |
A maior parte das fotos desse post foi feita num passeio no meu último dia na cidade. Chovera de manhã; à tarde, tempo ainda nublado, parei para um café na Nevsky Prospekt, a Ataulfo de Paiva deles, onde todos passeiam, todos se cruzam, todos batem perna, todos passam a caminho de onde quer que seja. A qualquer hora. Eu queria fazer o passeio de barco pelos canais, mas não com tempo ruim. Então, bem no fim de tarde, as nuvens começaram a abrir. Ficam dezenas de pessoas pelas pontes anunciando os passeios e chamando turistas. Tinha visto que custava 600 rublos (R$ 43), mas quando decidi ir, por algum motivo, cobraram 300 rublos. Seria o trajeto? Não fiz questão de descobrir. Foi uma hora navegando pelos canais. A narração era em russo, mas mesmo que fosse em inglês eu não entenderia. O barco saiu por volta das 19h30m, da Ponte Zelenyi (Nevsky com Reki Moyki), e o sol começava a baixar. Fez a curva à esquerda em frente ao hotel Pushka Inn e foi para o Neva; seguiu pelo rio e dobrou à direita depois do Jardim Botânico (Fontanka). Entrou no canal do Teatro Mariinskyi e voltou pela Reki Moyki até o ponto de partida. À noite, parece que é comum nos passeios distribuírem balões (tipo japonês) aos turistas. Em horas de grande movimento nos canais, são vistos dezenas de pontos luminosos no céu da cidade. Outra curiosidade noturna de São Petersburgo são as festas em vans e limusines. Sexta e sábado, principalmente, é grande a circulação de limunises, vans e furgões. "Tudo incluído!", lê-sem em alguns desses carros. Jovens (só vi jovens) reúnem-se e enchem a cara enquanto passeiam em automóveis com vodca (e sabe-se lá que outros líquidos), música alta e qualquer outro ingrediente que combine com a sentença "noitada animada". Em alguns pontos eles se encontram e fica um estacionamento de limusines e afins, enquanto a garotada toma... ar.
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Escultura numa ponte no Canal Fontanka |
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O mapa do passeio. A linha vermelha marca o percurso. Desculpem, ficou torto |
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Ponte e luz no Neva |
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Outra ponte sobre o Neva |
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Do barco, a Fortaleza de Pedro Paulo (1703) |
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Outro trecho do passeio |
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Detalhe de lampião numa rua |
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Cartaz
no barco avisa: SPB tem mais de 500 pontes, mas você, turista, tem
apenas uma cabeça. Cuide dela! Admito, eu fotografava algo e quase dei uma cabeçada numa
ponte; algumas são bem baixinhas e o teto do barco passa rente a elas. O barqueiro buzinou e um turista me alertou |
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Largo e prédio próximo ao Pushka Inn |
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Aqui e abaixo, cenas noturnas da Nevsky |
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"Não há nada melhor do que a Avenida Niévski", escreve Gógol no livro que leva o nome da rua |
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A lateral do Hermitage, com lua |
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Ele, de novo, em frente à histórica Estação Finlândia: Lênin, pode mandar parar de chover, por favor?! Spaciba |
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Reki Moyki: o hotel está logo ali à esquerda (toldo preto) |
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Geral de Peterhof: Pedro, o Grande, queria imitar Versalhes. Haja chafariz! Lá no fundo, o cais no Golfo da Finlândia |
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A mesma cena, sem 180 graus |
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Dourado e água em frente ao palácio principal |
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O bilhete para Peterhof |
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À beira do Neva, encontro de carros grandes: miniboates ambulantes |
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SPB não tem mais limusines que NY, mas tem um bocado delas |
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