Ostentar, embevecer, babar
A "Arca
russa", de Aleksandr Sokurov, ajuda a entrar no clima do Hermitage. O filme, de hora e meia, mostra
salas espetaculares, e conta do seu jeito a História da Rússia, mas
confesso que pouco entendi essa parte. Contudo, nenhum filme, nem mil
fotos, nem o Google, nem as palavras de quem já foi preparam de fato o
visitante para encarar o Hermitage como se já soubesse algo dele. Ver o
palácio de fora, à noite ou de dia, já é um espetáculo grandioso. Entrar
nele é ser devorado por uma sucessão de imagens fabulosas. Haja pernas,
haja fôlego cultural, haja olhos, haja adjetivos!
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Aqui e abaixo, detalhes do piso de duas das salas |
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Um lustre. Nada mais a dizer |
Você olha para o chão e é uma obra de arte; olha para o teto, o luxo salta aos olhos; nas salas, obras maestras de marcenaria, da joalheria, da arquitetura, do artesanato; em outras salas, tesouros da arte, de Rubens a Gauguin, de Rembrandt a Ticiano, de Michelangelo a Matisse. Pelo folheto do museu, são 400 salas, em três andares. O andar térreo é mais voltado para antiguiddades. No primeiro, e principal, andar estão a maior parte dos motivos para deslumbramento. O filme de Sokurov, aliás, se passa quase todo neste andar. Como ele não tem cortes, quem já percorreu o museu pode acompanhar o trajeto da câmara quase sem se perder. No segundo andar estão Cézanne, Matisse, Picasso, Van Gogh, Kandisnky e o emblemático "Quadro negro", de Malevitch. O Hermitage vive repleto de turistas, mas é tão gigantesco que sempre dá para apreciar o que você quiser sem um grupo à sua frente. Claro, às vezes é preciso um pouco de paciência.
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O ingresso |
Como comprei ingresso para dois dias seguidos, fui sábado à tarde sem compromisso, mesmo com as obras imperdíveis. Durante umas três horas, percorri principalmente o segundo andar e anotei as salas que gostaria de rever com mais calma. Tinha visto em todos os guias que o museu fechava às 18h aos sábados, mas estranhei que os muitos vigias não expulsassem o povo a partir das 17h30m. Saí 18h30m, e só então descobri que puseram umas placas nos guichês avisando da ampliação do horário aos sábados, até 21h. Mas nesse dia, após a manhã em Peterhof, eu já estava cansado de andar. O domingo, confome o meu iPod tinha avisado, amanheceu chuvoso. Então, já era esperado que choveria turista também no museu. E lá estavam milhares deles. Havia disputa até para arrumar vaga no amplo guarda-volume. Os grupos para visitas guiadas se aglomeravam.
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Meu folheto com anotações sobre o segundo andar |
Abri meu folheto já rabiscado e fui à luta, a partir do terceiro andar. Depois, novamente o segundo andar, com indas e vindas para achar alguma obra que não encontrei na primeira passagem. Há sempre obras emprestadas para exposições, como ocorre em qualquer museu. Creio que também há sempre algumas salas fechadas para reforma, o que às vezes atrapalha o percurso. Mas em geral é fácil se guiar pelo folheto. Na página
<http://www.hermitagemuseum.org/> pode-se baixar o plano do museu também, com informações
e dicas. Em poucas salas é proibido fotografar. E centenas de funcionários (a maioria senhoras na faixa dos 60) fazem o papel de vigias, em cadeiras entre uma sala e outra.
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Reprodução do site, o mesmo segundo andar |
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Pintado de alto a baixo, esse corredor (sala 227) merece destaque de tão fabuloso |
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A capa do DVD de Sokurov
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Na volta da viagem, revi "Arca russa"
, mais grudado ainda na TV. Ao mesmo tempo que me deliciava por ter visto ao vivo tanta coisa bonita, às vezes lamentava nem me lembrar de ter reparado em tal ou qual tela ou sala magnifícas. Depois, pesquisei esse link, um dos que ajudam didaticamente a conhecer os personagens do filme.
http://ocinemanoensinodahistoria.blogspot.com.br/2009/05/arca-russa-2002-de-aleksandr-sokurov.html
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Este mosaico no piso (sala 204) aparece no filme de Sokurov |
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A sala das estátuas (241) e de belo teto |
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A sala 238, dedicada a pintores italianos |
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A sala com telas de Rubens (247) e cabeças de turistas |
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Uma simples maçaneta |
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Rubens também em russo |
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Panorâmicas de salas que demonstram o luxo do palácio. Elas estão marcadas em verde claro na planta do museu |
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Ao fundo, uma tela de Horace Vernet, no terceiro andar. Nada anotei sobre a escultura |
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Um móvel dos soberanos
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Para finalizar, Malevitch (sala 334) |
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