Parques com tudo em cima
O tão aclamado Parque Madureira tem lá seus encantos, mas é fichinha
perto dos principais parques de Moscou. Eles são grandiosos, têm
quilômetros de área, atrações de toda sorte (gratuitas e pagas), muito
verde, jardins bem-cuidados, banheiros, áreas para esportes, bares,
quiosques, vendedores (raros com jeito de camelô), brinquedos e imensos
portais que lembram o auge do comunismo. Fui em dois: o Gorky e o
VDNKh. E cabem uns oito parques Madureira em cada um deles.
Nunca vi "O mistério do Parque Gorky" (1983), mas tirei uma tarde
ensolarada, sem possiblidade de crimes, para conhecer o lugar. Saí da
Praça Vermelha, cruzei o Rio Moscou, virei à direita e fui seguindo a
margem.
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O monumento a Pedro o Grande |
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Pedrão, no detalhe |
Atrações pelo caminho: uma ponte com "árvores" feitas de
cadeados amorosos, à moda de Paris; o monumento a Pedro o Grande (dizem que tem 55 metros de altura, eu acredito); a vista da Catedral do Cristo Salvador, do outro lado do rio; e o Parque das Artes,
uma área verde repleta de esculturas e estátuas dos mais diversos autores e retratando as mais diferentes figuras, com uma
parte no fundo reservada a monumentos retirados das ruas da cidade; ou seja,
muitas estátuas de líderes comunistas que foram os maiorais em
determinadas épocas, e que hoje não merecem mais figurar em cada
esquina. Entre eles Stalin, Brejnev e mesmo ele, Lênin. Esse lugar
dos bronzes esquecidos pós-revolução fica ao lado do Gorky e é chamado nos guias de viagem de Jardim dos Monumentos Depostos, ao lado da Nova Galeria Tretyakov (li que exibe obras de pintores russos de vanguarda e de artistas puxa-saco do antigo regime (1930-50). Dali, basta atravessar (pela passagem subterrânea, sempre) mais uma
grande rua (Krymskiival) e chega-se ao parque. Gostei muito de uma área gramada
com grandes almofadões (grandes mesmo, do tamanho de um colchão de
casal) jogados para o povo deitar e rolar. Mas é um lugar ótimo para
passar o dia, sem mistério. Se for de metrô, a estação próxima ao Gorky é a Oktiabrskaya.
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Almofadões para o povo na grama do Parque Gorky |
O VDNKh é bem mais distante do centro histórico. Fica na estação de
mesmo nome, perto do Museu da Cosmonáutica (ou das conquistas espaciais). Visitei esse museu em um
dia de muita chuva. Estão lá duas cadelas da raça Laica (aquelas
enviadas ao espaço), protótipos (inclusive da estação espacial MIR), satélites,
trajes espaciais, fotos etc. Falar em fotos, assim que acionei a máquina, veio uma senhorinha bolchevique me cobrar o tíquete para fotos. Eu não tinha, e tive que driblar as muitas velhinhas vigilantes para fazer algumas fotos com o iPod. Com chuva, o museu valeu a pena. Mas foi difícil de
achar, porque eu tinha o endereço (Prospekt Mira 111), mas desci na
estação errada (justamente a Prospekt Mira). Pela numeração, achei que estava perto, mas nessa tarde
descobri que do número 100 ao 110 pode-se percorrer quilômetros numa
avenida russa. Encharcado, enfim vislumbrei o monumento em homenagem ao
Sputnik, com a nave no topo e Gagarin na base. O museu fica embaixo desse pontudo
monumento. A entrada custou 200 rublos (uns R$ 14).
Sob chuva fina, aproveitei para ir então no vizinho parque VDNKh (ou Centro de Exposições de Toda a Rússia). Além de barraquinhas e atividades mil para adultos e crianças, ele exibe pavilhões que (segundo li, pois não os visitei) enaltecem a vida nos países da antiga URSS, um belo lago com chafariz e estátuas. Do
lado, perto do primeiro portal, um parque com montanha...russa!, roda
gigante etc.
Votei ao VDNKh outro dia, sem chuva. Fui de trenzinho de um lado a
outro (120 rublos/R$ 8,50, ida e volta). Lá no fim, duas atrações especiais, principalmente para crianças:
uma nave e um avião que podem ser visitados, mediante pagamento, claro. E, para os adultos beberrões, uma barraca-barril onde uma pessoa servia chope.
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Tchau, bela praça. A caminho do Rio Moscou (ou Moskva) |
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Chafarizes no meio do Rio Moscou (vê-se o monumento a Pedro lá no fundo) |
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Ponte pontuada com árvores de cadeados: muita promessa de amor amarrada |
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A Nina está fechada com alguém |
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Mais paixão encadeada numa árvore |
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A nau de pedro e as cúpulas de Cristo Salvador |
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Gandhi no Parque das Artes: sujou para ele |
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Mais bustos pelo parque |
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A placa abaixo identifica esses dois: Einstein e um tal Bor... Talvez seja o cientista dinamarquês Niels Bohr (1885 - 1962), que sabia tudo de átomos. Dizem que ele não gostou de ver seu conhecimento utilizado para fabricar bombas atômicas |
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O narigudo Pinóquio também enfeita o parque |
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Eis exemplares de revolucionários tirados das ruas |
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Aqui eles ficaram pequenos |
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O portal principal do Gorky, fotografado já de dentro do parque |
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E aqui, a foto para o outro lado: o jardim é só o começo |
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Um brinde ao comunismo no quiosque (não rolou, estava fechado nesse dia) |
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Bancos de madeira: só tem um sujeito, mas cabe muita gente |
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Atrás dessa casinha, uma área para a prática de esportes no Gorky. Na janela, o caixa. Na lista, de cima para baixo, tem futebol, vôlei, handebol, badmington e corrida |
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Lá vai o Sputnik. O Museu da Cosmonáutica fica aí embaixo |
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Gagarin e, lá no fundo, a roda gigante perto do VDNKh. Ele e o Sputnik |
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O avião no VDNKh também pode ser visitado |
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O foguete: para entrar, basta pagar |
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Ingresso no avião: 150 rublos (R$ 11) |
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Queremos piva, ou seja, chope (100 rublos o copão de plástico) |
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Nada de nadar nas águas do chafariz, pessoal |
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A placa traz informações em inglês: fato raro em Moscou |
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O mapão do parque, com tudo numerado |
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Um dos monumentais monumentos do VDNKh. Além dessa rua principal, há duas ruas laterais, um pouco menores |
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A nave espacial MIR, no Museu da Cosmonáutica. Pode entrar |
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A MIR por dentro |
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A nave pousou: cenário do Museu da Cosmonáutica |
Gostei do que li. Moscou é realmente sensacional e os parques são belíssimos, imperdíveis.
ResponderExcluirSe você passar uns quatro anos na cidade, não terá visto tudo de lindo que ela oferece aos turistas...
É uma pena que os brasileiros só visitem parte do Kremlin e as estações do metrô.