sábado, 29 de setembro de 2012

3. Na rede, a viagem antes da viagem

Pesquisar é preciso
Humor em detalhe na placa do Pushka Inn, e sobriedade no Sheraton
Dá para rodar o mundo na internet, é certo. Muita coisa é o que parece. E muita coisa não é. Nunca foi ou não é mais. Mas a viagem virtual sempre ajuda. Pontos turísticos, Hermitage, trem Moscou-SPB, trajeto aeroporto-cidade, gastronomia: tem um bocado de informaçõe úteis. A informação mais difícil, para mim ao menos, foi quanto aos hotéis. Afinal, tem para todo gosto. E essa foi a parte mais complicada dos preparativos. Acertadas as passagens aéreas, reservei primeiro em SPB. O escolhido foi o Pushka Inn (Naberezhnaya Reki Moyki 14). Achei que a estação de metrô não ficava distante e que ficar perto do Hermitage era um trunfo. Antes de ir, olhando o mapa, Moscou parece uma imensidão (ok, são mais de 11 milhões de habitantes) onde é fácil ficar perdido. Como informaram os internautas, a cidade não tem farta oferta de hotéis e os bons são caros. Os ruins também não são baratos. Entre o meio caro e o caro, optei pela promessa de conforto e bom atendimento: reservei um quarto no Sheraton (Tverskaya-Yamskaya 19). Não muito longe do metrô Bielorruskaya e a três quilômetros (ou três estações) da Praça Vermelha. Naquela imensidão, melhor seguir o conselho geral: ter uma estação de metrô por perto é fundamental. Mais do que fé em Lênin, nessa hora foi preciso acreditar no cartão de crédito.

Os blogs mais úteis rumo à Rússia foram:
zigadazuca.blogspot.com/
http://www.travelallrussia.com/en/theaters  
imagensviagens.com
destina.me
  
Depois, escrevendo, achei esse aqui e achei bacana:
http://lobodaestepe.com/ 

2. 25 anos depois, outro passo

Do livro 7 ao passaporte

Lucas e Beatriz, sorrisos no GIG
Frequentei o curso até 1987, no máximo 1988, e fui até o livro 7 (ao menos é o último que tenho em casa). Vinte e cinco anos depois, muita vida e muita vodca depois, a Praça Vermelha explode num filme com Tom Cruise; eu tiro uns dias de folgas/férias; e a patroa, sem pausa no trabalho e com nossos filhos em casa/escola, sugere:
- Vai prum lugar onde você sempre quis ir e dificilmente iríamos juntos.
E a Rússia entrou no mapa. Na agência de viagens, o primeiro contratempo. Só queriam vender a passagem com o pacote anexado. É como estar no topo de uma duna em Natal e o guia não lhe dar a chance de responder: com emoção ou sem emoção? Algumas brigas por e-mail e telefone depois, eis meu pacote: Rio-Roma-Moscou//São Petersburgo-Paris-Rio. Cinco noites em Moscou, quatro em SPB. Embarque sábado, 26/08/2012. A agente de viagens deixou seu recado: é perigoso, sem pacote você nem entra no país, eles são rigorosos, tem que ter comprovante dos hotéis, ninguém fala inglês, quiçá português, não negocio só a passagem. Como disse meu camarada Claudio Uchôa, recém-chegado da Rússia, e que cuidou de tudo sem agência, ela fez o papel dela, não há o que temer, vai na fé. Em Lênin.
O cartão de embarque na ida, pela Alitalia, com escala em Roma.

1. A arca russa foi aberta


Capa do primeiro livro do curso de russo, no Instituo Brasil-URSS, na Rua das Marrecas. Aulas de 1984 a 1987. O que aprendi em sete semestres? Ficaram na memória apenas o alfabeto cirílico e umas poucas palavras, além de  frases breves. Não enchem uma pequena arca.




'Quero estudar russo'


Criado com a ajuda de meu filho de 8 anos, Lucas, este blog nasceu para arquivar minha arca russa, essa aventura sozinho em Moscou e São Petersburgo. Era para ser um relato atualizado durante a viagem, dia a dia, para a família ver em casa. Mas a falta de tempo, o fuso horário, a preguiça e outros fatores puseram a proposta de lado. Então, agora vai tudo junto e misturado, como quando a gente abre a mala em casa e espalha as coisas pela sala. Na bagagem, alguma informação, guardada a partir do conselho do camarada CAT, que se encantara com São Petersburgo: "Anota tudo!".
A primeira peça a cair da mala é um bizarro diálogo com meu pai, no início dos anos 1980, eu recém-saído da faculdade de jornalismo, achando que era socialista, e sem emprego ou perspectiva. Hoje todo mundo (inclusive muitos russos) fala inglês. Não era bem assim naquele tempo.
- Filho, vai estudar inglês, eu pago.
- Não gosto, quero estudar russo.
- Russo? Para quê? Não pago, se vira.
E lá fui eu vender camisetas e pôsteres na Cinelândia, em Juiz de Fora. Campos e em outras paragens mais obscuras. O pouco que rendia era para o russo. O único curso no Rio, na época, era no Instituto Brasil-URSS, na Rua das Marrecas, perto do Passeio e da hoje animada Lapa.